Meu nome é Natália, mas naquele dia
meu nome era Laura, L-A-U-R-A, eu escrevia na cartolina. E achava o nome lindo,
tão lindo que queria que fosse meu. Mãe
tem como mudar de nome depois de
grande? Os meus cinco anos queriam saber.
Foi na Casa de Cultura Mário Quintana
que eu entrei bonita, Laura da cabeça aos pés. Usava brincos.
Esperei e entrei. Tuc, Tuc tuc, o meu sapato de salto
também queria mostrar para a platéia que estava ali.
O arrepio gelado da minha barriga
mandava os meus olhos desviarem a atenção, mas essa era eu, não Laura.
E foi Laura quem falou.
Os aplausos Laura deixou para mim,
assim como o sorriso do meu avô e as flores da minha mãe.
Da casa de Cultura levei a saudade
dos amigos e algo a mais, que não soube explicar.
Foi no dia que Natália Professora
entrou na sala e os pares de olhos olharam, escutaram e disseram, sem abrir a
boca, que era disso que Natália sentia falta.